Igreja do Nazareno : Seu começo e evolução no Brasil !

Na casa de uma família, no dia 12 de outubro de 1958, quando a Igreja do Nazareno Internacional comemorava suas Bodas de Ouro, a denominação no Brasil celebrava o primeiro culto em Campinas (SP). Participaram desse evento três famílias americanas, os Mosteller, Gates e Stegmoller, e alguns brasileiros. Há 49 anos foram lançadas as bases de uma igreja que havia nascido para “cristianizar o Cristianismo”, como disse um de seus fundadores. Logo vieram outros americanos e caboverdianos, formando assim o embrião que lideraria por anos os caminhos da igreja recém-nascida.

Foi com o pastor Aguiar Valvassoura que a denominação experimentou crescimento e fortalecimento. Ele construiu creches para crianças carentes, acampamentos para jovens e adolescentes, um colégio e uma faculdade e conduziu a multiplicação de novos trabalhos.

Novos membros foram se agregando e a sala ficou pequena. Alugaram, então, um salão tradicional na Avenida Francisco Glicério. Cinco anos depois, compraram um prédio na mesma avenida que abrigou a primeira Igreja do Nazareno no Brasil. Em 1989, o crescimento obrigou a denominação a organizar um novo espaço. Foi quando compraram o prédio localizado na Rua José Paulino, onde hoje é a atual sede – há cerca de 10 mil membros, uma tenda para crianças e uma escola teológica e de música.

Como a visão era a de não perder mais tempo na tarefa de alcançar o Brasil, missionários americanos foram enviados para terras brasileiras e começaram a abrir trabalhos evangelísticos. A segunda cidade escolhida foi Belo Horizonte (MG). A semente lançada germinou e hoje a denominação contabiliza aproximadamente 65 mil nazarenos distribuídos em quase 300 igrejas espalhadas por vários estados deste país continente.

O esforço dos missionários americanos e caboverdianos, no final dos anos 60, foi fundamental para a implantação da denominação em terras brasileiras, mas foi na figura de um homem, o pastor Aguiar Valvassoura, que a denominação experimentou crescimento numérico e fortalecimento. Em Campinas, Valvassoura conseguiu transformar uma igreja de 225 membros em uma comunidade de 7 mil pessoas. Ele não apenas construiu creches para crianças carentes, viabilizou a construção de acampamentos para jovens e adolescentes, a instalação de um colégio e de uma faculdade, mas conduziu a multiplicação de novos trabalhos que garantiram saúde e crescimento ao distrito paulista, que chegou à lista dos três maiores da denominação em todo o mundo.

No Brasil, a Nazareno nasceu na cidade de Campinas, onde hoje a igreja sede possui 10 mil membros, uma tenda para crianças e uma escola teológica e de música. Existem aproximadamente 65 mil nazarenos distribuídos em 300 igrejas espalhadas pelo país

“Dou graças a Deus que trouxe pastor Valvassoura para a Igreja do Nazareno. Ele tem servido admiravelmente, em todos os âmbitos, à denominação”, reconhece Earl Mosteller, missionário americano cuja família estava entre as quatro que fizeram o primeiro culto de implantação da igreja no Brasil. Ao que Aguiar devolve: “Não há um risco no caráter desses missionários. A igreja cresceu e se fortaleceu por causa do trabalho sério que foi desenvolvido e que continuamos fazendo. Pregamos a santidade. Somos uma igreja ética e a soberania de Deus é preponderante”.

A meta do pastor Valvassoura é implantar igrejas em locais distantes. O projeto “Evangelismo Sem Fronteiras” quer chegar ao cinqüentenário da igreja com 100 mil membros. Em 2007, a denominação comprou um barco para levar o Evangelho e prestar serviços sociais para a população ribeirinha do Amazonas.

A linha teológica da Nazareno, segundo o pastor Ernesto Ferreira Jr., passa pela crença de que a santificação inclui o impulso de crescer na graça. “Contudo, esse impulso deve ser conscientemente alimentado; e deve ser dada cuidadosa atenção aos requisitos e processos de desenvolvimento espiritual e avanço no caráter e na personalidade semelhantes a Cristo. Sem tal esforço intencional, o testemunho do crente pode ser enfraquecido e a própria graça comprometida e mesmo perdida”, ressalta ele. Os artigos de fé da denominação reforçam a crença na Trindade – Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo – e na inspiração divina das Escrituras Sagradas. Para ser pastor na denominação, é necessário estudar nos seminários espalhados por todo o Brasil durante quatro anos.

Um manual traça quais são as atitudes esperadas pelos nazarenos. As orientações vão desde os artigos de fé até a conduta cristã (casamento, sexualidade humana, mordomia cristã etc.), passando pela estrutura organizacional da denominação.

Como a linha mestra da Igreja do Nazareno é a compaixão e a educação, as igrejas espalhadas pelo Brasil são responsáveis pela doação de milhares de cestas básicas, criação de creches para crianças carentes, apoio aos presos e seus familiares. Enfim, em cada canto há um nazareno trabalhando para o próximo. “As pessoas precisam da Palavra e também de cuidado. Os fiéis são a nossa paixão. Não trabalhamos com números, mas com vidas”, diz Valvassoura, enfatizando que aos 62 anos há uma frase que gosta de repetir em suas pregações: “Sonhar é realizar metade da viagem”.

A HISTÓRIA !

Nos anos de 1890, despontou uma nova onda de grupos de santidade independentes que incluíam igrejas, missões urbanas, casas de socorro aos necessitados e associações missionárias e evangelísticas. Algumas pessoas queriam uma união que produzisse uma igreja nacional de santidade. Desse desejo nasceu o que é hoje a Igreja do Nazareno. A denominação foi implantada em 1895, em Los Angeles, com 100 membros leigos. A ênfase era na santificação pela fé, seguindo o exemplo de Cristo e pregando o Evangelho ao pobre. A igreja expandiu-se, principalmente ao longo da costa ocidental, tendo congregações espalhadas a leste das montanhas rochosas até Illinois. Nessa época, muitos grupos independentes uniram-se à Igreja do Nazareno.
A história mostra que, desde a sua fundação, a denominação expandiu-se no exterior. Missionários eram enviados para a América do Sul, México, ilhas de Cabo Verde, Índia, Japão e África do Sul. Em 2005, a igreja estava em 150 países, com milhares de ministros e obreiros leigos. Também mantém hospitais, creches, colégios, faculdades, escolas de enfermagem e instituições de ensino teológico em todo o mundo, como China, Calcutá, Índia e Brasil. Há dois anos, a denominação computava 1,4 milhão de membros no mundo. Como resultado desse desenvolvimento histórico, os líderes afirmam que a Igreja do Nazareno deixou de ser uma “presença internacional” para se tornar uma “comunidade internacional” de fé.